quinta-feira, 7 de julho de 2011

Cozinhar o prazer

Sim, sou mulher. Sim, tenho um corpo. Não, não tenho orgasmos. Orgasmo é uma palavra de homem, criada por homens para outros homens entenderem.
Desejos, tenho. Paixão, também. Prazer é a mistura correcta de desejo com paixão. Prazer não se encontra na rua, na esquina, na solidão, aí só se encontra satisfação. De necessidades, de urgências também se fala no desejo, na paixão e na satisfação.
Não gosto de usar o corpo, gosto de o descobrir, de ser descoberta. Cada parte do corpo encerra um segredo de prazer. Que se descobre na dedicada exploração a dois ou num processo saudável de auto-conhecimento.
Não falo de amor. Amor é um upgrade de quem não tem medo de si próprio.
É do abuso da luxúria que o corpo de uma mulher ganha respeito pelas suas próprias formas.
Olho-me ao espelho e reconheço cada marca, cada curva, cada imperfeição. Gosto do que vejo, porque sei exactamente o que me pode dar. Conhece-te a ti mesma. Serve para a mente e serve definitivamente para o corpo também.
Como flor que nasce e desabrocha, o sexo numa mulher tem que ser cuidado. Com palavras, atenção, carinho, nem que seja momentâneo num desejo de paixão. Saber dar prazer é uma arte sem segredos. Basta sentir o corpo que se dá, o que pede.
Uma mulher não quer sempre o mesmo. Como num cozinhar de sentidos é preciso provar para saber qual o ingrediente a misturar a seguir. E o menu? Desde comida rápida, a menu degustação passando a sobremesa, tudo é permito desde que se saiba usar aquilo que se tem.